terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hospital Psiquiátrico de Maringá abriga 25 pacientes que já poderiam ter alta

Há ainda 20 pessoas que vivem reclusas no hospital e praticamente não saem à rua, mesmo tendo família. Para o Ministério Público, a situação revela a falta de estrutura do município na oferta de atendimento psiquiátrico adequadoO Hospital Psiquiátrico de Maringá abriga 25 pacientes que, mesmo sofrendo de transtornos mentais, já poderiam ter recebido alta. Eles seguem internados, vivendo em reclusão, porque não há nenhum familiar para buscá-los. A situação é semelhante à do paciente paraguaio Digno Baluena, que ficou mais de um ano internado, até que, alertadas pela imprensa, autoridades localizaram a família do paciente e o levaram de volta ao Paraguai.

Há no hospital casos extremos de internações que estão prestes a completar uma década . Para a Promotoria que cuida do assunto (de Defesa dos Idosos, Pessoas com Deficiências, Saúde Pública, Saúde do Trabalhador e Reparação do Dano Resultante de Crime), a situação revela, além dos problemas familiares dos internos, a falta de estrutura do município para o atendimento psiquiátrico de pacientes que estão com a doença estabilizada.
Além dessas 25 pessoas, o local abriga ainda outras 20, que, embora tenham família, praticamente não saem do Hospital Psiquiátrico. Segundo a assistente social da promotoria, que acompanha todos os casos, Carla Fernanda de Barros Ribeiro, os parentes não têm condições de cuidar dessas pessoas. Por isso, elas vão e voltam ao hospital com regularidade.

“Assim como os outros 25, eles não teriam de passar tanto tempo no hospital, se o município tivesse uma estrutura maior, com mais Residências Terapêuticas [RTs] para atendê-las”, diz Carla.
De acordo o Ministério da Saúde, o ideal seria que essas 45 pessoas morassem nas RTs. Trata-se de locais que abrigam grupos de até oito pessoas em situação estável do transtorno mental. Ali, elas vivem mais livremente, podendo sair para passear, fazer compras ou conversar com os vizinhos.
O movimento antimanicomial brasileiro, que começou nos anos 80 e que já tem legislação própria, defende que os hospitais psiquiátricos sejam fechados e que as pessoas com transtornos mentais que não têm para onde ir ou cujas famílias não têm condições de cuidá-las, vivam nas RTs.
Os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) são responsáveis por assistir pessoas que sofrem de transtornos mentais. Se não há Caps, a responsabilidade é das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Em caso de crises, elas devem ser levadas para a emergência psiquiátrica do hospital mais próximo – no caso de Maringá, o Hospital Municipal.
Gazeta do Povo

Um comentário:

Anônimo disse...

Correção importante. Quem avisou a Promotoria do Paciente D.B. paraguayo, foi o serviço social do hospital que o identificou como indio e entrou em contato com alunos paraguayos. O paciente necessitava de tratamento continuo, tanto que foi encaminhado à hospital especializado no paraguay. Ja havia desaparecido há mais de 09 anos e foi encontrado pela equipe do SASC em Posto de gasolina na estrada, colocando em risco sua vida e encaminhado pelo município à Emergência Psiquiátrica do Hospital Municipal. Todos os pacientes que lá permaneciam há menos de um ano em tratamento, a Promotoria tinha conhecimento deles uma vez que a informação também partiu do Hospital.Como o hospital é referência para a população da macro-região com aproximadamente 1.400.000 hab. e a Organização Mundial de Saúde preconiza 1 leito psiquiatrico para 1000, (necessidade mínima),os 240 leitos para tratamento integral (assistência à saúde à nivel terciário), são insuficientes para manter o acesso ao necessário tratamento, conforme preconizado pela Lei 10.216/01, dos direitos dos Portadores de Transtorno Mental.