sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Em Maringá, três meninas com HIV para cada menino


A cada quatro maringaenses infectados pelo HIV, na faixa entre 10 e 19 anos, três são do sexo feminino ¿ índice maior que no Paraná, que tem proporção de 2,4 meninas para cada menino. O cenário em Maringá, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, segue uma realidade percebida em todo o Brasil com base em um levantamento do Ministério da Saúde.


As mulheres estão se contaminando mais do que os homens e em número cada vez maior abaixo dos 19 anos, fato que revela que as adolescentes, que cresceram ouvindo falar sobre sexo seguro, não estão atendendo às campanhas pelo uso do preservativo.
Na área da 15ª Regional da Saúde, que abrange Maringá e outros 29 municípios, 1.403 pacientes estão em tratamento contra o HIV - em Maringá são 842 -, com administração do coquetel, acompanhamento médico e psicológico. Desse total, 786 já desenvolveram a doença e podem morrer caso o organismo não reaja com a medicação.


De 10 a 19 anos são 16 pacientes diagnosticados com HIV na região, dos quais a metade reside em Maringá. É pouco se comparado com o número total de infectados, muito se considerado o fato de que os adolescentes, na teoria, estão cientes do risco que correm ao transar sem camisinha.
Ministério da Saúde tem concentrado ações de combate
à aids entre os adolescentes
"É uma faixa que não deveria estar se contaminando", explica a coordenadora municipal de DST-Aids de Maringá, Eliane Biazon. "Esses adolescentes cresceram recebendo informações sobre a aids e têm consciência da importância do uso do preservativo. É bem diferente dos mais velhos, que cresceram em uma época nem se falava em aids", comenta.

A faixa entre 10 e 19 é a única em que a contaminação em pessoas do sexo feminino é maior do que no sexo masculino. Entre adultos (até 50 anos), em Maringá, eram 15 homens contaminados para cada mulher, em 1986. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, passou para 15 homens para cada grupo de dez mulheres, em 2003, e para um homem para cada mulher neste ano.

"Hoje em dia não se trabalha mais com o conceito de grupos de risco, como eram no passado os homossexuais, profissionais do sexo. Nós todos estamos em risco de sermos contaminados e de contaminar", alerta o secretário de Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi.
Sem medo

O medo da morte pela aids, de quem cresceu nas décadas de 80 e 90 e viu ídolos morrerem com a doença, não assusta tanto os adolescentes de hoje. Segundo Eliane, esse é um dos motivos que levam os adolescentes a se arriscar a transar sem camisinha.

"O diagnóstico da aids já foi sentença de morte, não é mais. Hoje é considerada pelo Ministério da Saúde como uma doença crônica, sem cura, mas com tratamento eficaz." A especialista explica que a pessoa que segue as orientações médicas no tratamento contra o vírus HIV pode nunca chegar a desenvolver a doença (aids).
O Diario

Nenhum comentário: