quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Paciente com KPC morre no HU; 17 estão contaminados

De janeiro até agora, o Hospital Universitário de Londrina já registrou 312 casos de contaminação pela bactéria. HU não confirma que a morte teria sido causada por KPC

Um jovem de 23 anos, que esteve internado durante 54 dias no Hospital Universitário (HU) em Londrina e estava contaminado com a bactéria multirresistente klebsiella (KPC), morreu nesta segunda-feira (1). De janeiro até agora, o hospital já registrou 312 casos de pacientes com KPC e, desse total, 17 continuam contaminados e em estado grave. O HU não confirmou que a morte teria sido causada pela bactéria.
Segundo a superintendente do hospital, Margarida Carvalho, o quadro clínico de Julio Cesar Andrade Aparecido era grave. Ele sofreu um acidente de moto e teve politraumatismo. “Ele era tetraplégico, pesava cerca de 150 kg e faleceu por complicações de uma pneumonia”, disse. Margarida afirmou que o jovem aspirou secreção, na qual não foram encontrados vestígios de KPC. Outras duas pessoas contaminadas pela bactéria, um homem e uma mulher que não tiveram os nomes divulgados, também morreram esta semana no HU. “É impossível dizer que a causa das mortes foi KPC”.

Margarida disse que o HU recebe muitos pacientes de outros hospitais já colonizados com a bactéria. “Bactérias existem em todos os hospitais e todo cuidado está sendo tomado”, garantiu. A enfermeira supervisora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Evangélico, Katia Regina Gomes Bruno, informou que seis pacientes teriam sido contaminados por KPC este ano. Desse total, dois pacientes crônicos continuam com a bactéria. “Não tivemos nenhuma morte. Entramos com todas as medidas de prevenção e controle”.
A enfermeira contou que o hospital está realizando uma campanha contra a KPC. Todos os colaboradores, inclusive do setor administrativo, participaram de palestra sobre a bactéria e cartazes foram distribuídos em vários setores. “Estamos elaborando um folder de orientação para o visitante e acompanhante do paciente com KPC”, informou.
Outros hospitais também registraram casos este ano
Três casos foram registrados no Hospital Zona Norte este ano, segundo o diretor geral Elzo Augusto Carreri. De acordo com ele, em hospitais de média complexidade é menor o risco de contaminação por bactérias. “Os três pacientes vieram de outros hospitais já contaminados. Hoje, não temos nenhum caso de KPC”, disse. Carreri explicou que o risco diminui porque as taxas de permanência em cirurgias são muito baixas.
A assessoria de imprensa da Santa Casa de Londrina informou que o hospital registrou apenas um caso de paciente contaminado pela KPC este ano. Em setembro, uma pessoa deu entrada no hospital já colonizada. A unidade onde ela ficou internada foi fechada e todos os pacientes passaram por exames, mas ninguém foi contaminado e o paciente foi liberado.
A chefe da CCIH do Hospital Zona Sul, Maria Helena Guembarske Flavio, disse que este ano não houve registro de contaminação pela KPC no hospital. “Fizemos treinamento de lavagem das mãos em toda equipe de enfermagem”. Ela afirmou que todos os pacientes que chegam ao hospital são avaliados pela CCIH. “É feito cultura de vigilância naqueles que vem de outros hospitais”, explicou.
No total, Londrina registrou este ano pelo menos 322 casos de contaminação pela KPC. O número de mortes pela bactéria não foi confirmado pelos hospitais da cidade.
Surto
O Hospital Universitário (HU) fechou o pronto-socorro, a UTI e outros setores em razão da presença da klebsiella em 27 pacientes, no dia 28 de julho. Algumas semanas depois, a direção reabriu o pronto-socorro pediátrico, a maternidade e a UTI neonatal e, posteriormente, a ala feminina do pronto-socorro. Limpeza, desinfecção e a transferência dos pacientes contaminados para outras alas possibilitaram o HU a reabrir alguns setores. Na mesma época, os hospitais Evangélico e Santa Casa também registraram casos de pacientes infectados pela KPC.
Brasil
A superbactéria está presente em hospitais públicos e privados de vários estados brasileiros. No Distrito Federal, até o dia 21 de outubro, a Secretaria de Saúde já tinha confirmado 183 casos, em 17 hospitais, e 18 mortes relacionadas à infecção. Gazeta do Povo

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